terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Nota de repúdio.


Eu não sei até quando eu aguentarei trabalhar com a educação num país que não faz questão que tenhamos a educação. Sou professora de Sociologia, uma disciplina que trabalha com a crítica social, e não aguento mais ver tanto absurdo vindo do próprio ambiente de trabalho: a escola.

Hoje pela manhã participei de uma reunião de Conselho de Classe. Esses Conselhos "servem" para avaliar pendências de alunos que estão em situação "crítica". Traduzindo o que é situação "crítica": aluno em situação crítica é aquele que ficou reprovado em alguma disciplina ou até em algumas e PRECISA de QUALQUER FORMA PASSAR para outro ano letivo, pois ficará retido na matéria. É aquele aluno que não quer absolutamente nada durante o ano inteiro, que fica brincando durante as aulas, atrapalhando o desempenho dos colegas em sala, que desrespeita o professor, ou seja, aluno em situação crítica é aquele que não quer NADA.

Mas, como nosso país precisa e vive de estatística, o Conselho serve apenas para respaldá-lo. Ou seja novamente, precisamos assinar um papel dizendo que mesmo que ele esteja reprovado na disciplina, nós, professores e palhaços do sistema, deveremos passá-los.

Um desses alunos em situação crítica havia ficado reprovado em História, disciplina crítica, que nos faz pensar e analisar as situações sincronicamente e diacronicamente. A "orientadora pedagógica" diz que acha que deveremos passar o aluno, pois História não servirá muito para a vivência e o futuro dele. OBVIAMENTE indignada com a situação, coloquei a minha opinião e OBVIAMENTE fui reprovada pela pedagogia.

Bom, num país que vive de estatística, que o aluno deve ser aprovado, mesmo que não saiba ler, escrever e pensar, pois senão a escola não recebe verba, num país de Jaders Barbalhos, Anas Júlias, Arrudas e pizza atrás de pizza, que provoca tanta indigestão no povo, não aguentei mais argumentar, sai da sala de reunião do Conselho antes do período e fiquei ainda mais indignada com a situação da educação desse país. Não sei se aprovaram ou reprovaram o cidadão.

Por que será que o Brasil está como está? Falta educação para esse povo, minha gente. Mas, como o povo precisa continuar ignorante, porque senão as coisas mudam, a educação não mudará tão cedo nesse país. Será que todo ano iniciarei e terminarei indignada? Não aguento mais.

7 comentários:

  1. Um detalhe: aqueles que estão realmente no poder, refiro-me ao poder de tomar decisões importantes para o país, não esse poderzinho inútil e hipócrita da maioria das pedagogas, negam espaço à História porque sabem muito bem o poder que essa disciplina tem. Já essas pedagogas que confundem Globalização com "participação de todos", negam espaço à História por pura incapacidade de alcançar a importância da disciplina e, mais ainda, da ciência histórica. Alguém me responda: que falta essa gente faz? Não, já sei: alguém precisa montar os calendários, decorar a escola para as festinhas e organizar os horários dos professores!!! Em defesa da História, Márcio Couto, historiador.

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  2. Sempre manda ver esse rapaz!! Obrigada pela contribuição, amor.

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  3. Estive presente na mesma reunião, porém não estava na sala nessa hora. Concordo em tudo o que foi acima supracitado. A educação, ao meu ver (e na visão de muitos de nós), é um pilar significativo na edificação do cidadão, se não o mais importante. Penso que um país que vive de estatística deve sofrer uma mutação radical, quem sabe um "repovoamento". Também devo dizer que fico indignado com atitudes assim, o que me leva, a cada dia, a descrer mais ainda que esse país possa ter jeito. E pode ser que tenha, desde que se modifiquem esses pensamentos "pedagógicos", visto que um pedagogo não tem a vivência de sala de aula, coisa que temos. É um absurdo! Porém, como toda evolução é demorada... torcemos para que sim! E com relação à disciplina História, devo salientar de que a mesma tem uma importância fundamental para a construção do cidadão, assim como Português e Matemática, pois, para se compreender o presente, tem de saber o passado. E quanto ao aluno, devo certificar de que o mesmo foi aprovado. Isso mesmo, aprovado, o que me entristece mais ainda.

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  4. E eu serei professora de Sociologia desse cidadão, Joy. O que achas?

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  5. Oh, shit! Que tal pegar pesado com o elemento em questão? Rarará!

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  6. Hum, me dá até medo. Eu já pego pesado normalmente, imagine P. da vida. Hahaha. Deixa ele. Vou arrumar esse erro Histórico. Hehehe.

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  7. Queria pedir desculpas às pedagogas amigas de minha irmã, que condenaram meu comentário acima: não me refiro assim a todas as pedagogas ou à pedagogia, pois sei que em todas as áreas existem diversos tipos de profissionais. Me referi explicitamente à atitude de uma pedagoga específica, que menosprezou a História, ela que deve falar tanto em interdisciplinaridade. Vocês, amigas de minha irmã, que estão lendo essa mensagem, me digam: vocês concordam com a pedagoga que disse que a História não faz falta na vida dos alunos?? Isso representa o pensamento da pedagogia? Para mim, repito, um profissional, seja de que área for, que pensa assim sobre outra disciplina, não faz falta na escola. Essa é a minha opinião. Qual a de vocês?

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