quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bonecas Karajá: formação documental da coleção Natalie Petesch (1986) do Museu Paraense Emílio Goeldi por Anna Maria Alves Linhares


Leiam meu artigo sobre coleção etnográfica, mais especificamente acerca das "bonecas" Karajá:
http://seer.ucg.br/index.php/habitus/issue/view/38
Basta procurar o título do trabalho no índice da revista e baixar a partir do programa PDF.

Conheçam mais sobre a cultura indígena a partir da documentação de peças etnográficas.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Das gavetas para a academia por Walter Pinto.

A redação abaixo foi escrita para o jornal da Universidade Federaldo Pará, Beira do Rio,  a partir de uma entrevista feita com Márcio Couto Henrique (meu companheiro, rsrs). O intuito de Walter era falar sobre o livro de Márcio, resultado de sua tese de doutorado, que foi modificada e virou um livro publicado pela Editora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro:


Na obra A apologia da história ou o ofício do historiador, Marc Bloch (1886-1944), um dos maiores historiadores do século XX, ensina que fonte histórica é tudo aquilo que fala sobre o Homem. Para o medievalista francês fuzilado pelos nazistas por sua militância na resistência francesa, qualquer reflexão produzida pelo homem interessa a mais pessoas do que a ele próprio. Neste sentido, os diários íntimos escritos ao longo dos séculos – a prática cultural de escrever sobre si – se justificam como fonte privilegiada para o estudo não somente da história como também das demais ciências centradas no homem.
A história dos diários íntimos remonta ao século XVI e está vinculada às transformações ocorridas no início da Idade Moderna, com ênfase no surgimento da imprensa e, consequentemente, ampliação do universo alfabetizado. Relevante papel desempenharam as novas religiões protestantes advindas com a Reforma. Para além do incentivo à leitura da Bíblia, elas estimularam a devoção interior por meio do exame de consciência. Essas experiências possibilitaram o isolamento e a busca do homem em se conhecer. Neste contexto, estabeleceu-se uma literatura autógrafa favorecida pela leitura individual e pela escrita de si. Os diários íntimos surgem, então, como verdadeiros confidentes de seus autores. No século XIX, aquela forma de literatura autógrafa atingiu grande profusão, notadamente durante o Romantismo, época de acentuado desejo pelo autoconhecimento humano. Em Um toque de voyeurismo: o diário íntimo de Couto de Magalhães (1880-1887), o historiador Márcio Couto Henrique, professor da Faculdade de História e do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia, da Universidade Federal do Pará, ao analisar o diário de um controverso herói da Guerra do Paraguai, discute sobre causas e finalidades da escrita de diários íntimos. Uma das justificativas mais recorrentes é a da construção da imagem que se pretende deixar para os pósteros, perspectiva que coloca ombreados literatos, como o francês Rosseau, a quem se atribui a noção da verdade existente na confissão sincera, e o brasileiro Gilberto Freyre, um dos introdutores dos diários na pesquisa científica brasileira.
Outra justificativa muito empregada é a do autoaperfeiçoamento, a escrita como exercício para correção de procedimentos. Entre os cultores mais notáveis desta forma de terapia está Bronislaw Malinowski, que, meditando sobre o significado de seu polêmico diário, concluiu pela possibilidade de ajudá-lo no controle de seus apetites sensuais e na eliminação da lascívia que o atormentavam no trabalho de campo. Enfrentar a solidão, reter experiências vividas para torná-las acessíveis a qualquer momento estão entre as muitas finalidades apontadas pelos escritores de si.
Márcio Couto revela que, apesar da esfera de intimidade a que estão circunscritos, os diários esboçam um desejo de comunicação. "Penso que é possível aos historiadores fazerem uma leitura desses registros sem agredir a privacidade do autor”, revela. "O grande desafio é fugir de abordagem que valorize as excentricidades ou que trate os temas de forma jocosa. No final das contas, o que o autor revela sobre seu tempo e lugar é mais importante do que o que revela sobre si". Essas informações constituem o que o historiador chama de dimensão social dos diários, conceito em que inclui a linguagem, que se constitui em código sobre valores, como certo ou errado, moral ou imoral, em determinado tempo. Dizem respeito às relações sociais e, como tal, são de interesse das Ciências Humanas.


Couto de Magalhães e as suas imagens opostas

Em Um toque de Voyeurismo (Eduerj, 2009), versão modificada de sua Tese de Doutorado em Ciências Sociais, orientada pela professora Jane Felipe Beltrão, Márcio Couto apresenta os resultados das análises do diário do general Couto de Magalhães (1837-1898), escrito entre os anos de 1880 e 1887.
Mineiro, bacharel em Direito, presidente da Província do Pará aos 27 anos, e das Províncias de Goiás, Mato Grosso e São Paulo, o general procurou, em público, construir a imagem de um homem forte, um soldado condecorado pelos serviços na Guerra do Paraguai. Não por acaso, optou por ser retratado nas telas com o uniforme de general, para reforçar a imagem pública que construiu de si.
A imagem que sobressai de seu diário íntimo, no entanto, é completamente diferente da construída para o público externo: um homem frágil, hipocondríaco ao extremo, ansioso, com medo da velhice e da pobreza. Há, também, registro de sonhos homossexuais com índios, negros e brancos, detalhadamente escritos em nheengatu – língua geral amazônica, utilizada pelos jesuítas para comunicação com os índios – para dificultar o acesso de possíveis curiosos.
Nas mãos de um escritor sensacionalista, o lado onírico do general seria um veio fácil de explorar. Mas, "nas cuidadosas mãos" do historiador Márcio Couto, no dizer de Sérgio Carrara, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o que importou foi trabalhar a tensão do diálogo entre as anotações íntimas do general e as questões da sua época.
Era um tempo “supostamente marcado pelos rigores da ciência médica, que defendia o ideal de família higiênica e burguesa, com o homem chefe de família vivendo no mesmo lar com sua mulher e filhos”. Couto de Magalhães estava, porém, na contramão: teve várias mulheres, três filhos, mas nunca coabitou com nenhuma delas. “Seu diário falava das mulheres e do casamento sempre em tom de desprezo. Um dos filhos dele viveu na Ilha do Marajó, fruto de relação com uma mulher paraense. São estas questões que discuto em meu livro”, explica o historiador.

Diários livres do fogo e do lixo

Segundo Márcio Couto, “mesmo com a ampliação da noção de fonte histórica a partir da chamada Nova História, os historiadores ainda não atentaram para a riqueza dos diários como fonte de pesquisa. Em parte, por conta da dificuldade em lidar com um tipo de fonte tão específica, que pelo fato de ser escrita de forma espontânea, na esfera da intimidade e em primeira pessoa, possui um ‘efeito-verdade’ que a muitos assusta”. Em quatro anos de pesquisa, o historiador da UFPA não encontrou um único livro escrito a partir de um diário íntimo específico. No máximo, encontrou coletâneas de artigos tratando de diversos diários e cartas.
Demonstrando preocupação com o destino dado aos diários – o lixo ou o fogo –, Márcio Couto está engajado num movimento voltado à criação de arquivos para guarda de diários íntimos. Ao mesmo tempo, pretende sensibilizar os historiadores e demais cientistas para a importância da escrita de si na pesquisa em Ciências Humanas.“Tenho uma coleção composta por 15 diários íntimos, que me foram doados por pessoas comuns que aceitaram, de bom grado, a ideia de ver seus escritos íntimos sendo devassados em pesquisas acadêmicas”, conta o pesquisador.
“Meu propósito é criar, na UFPA, um arquivo de guarda de diários, cartas, memórias pessoais, confissões e todo tipo de escrita de si, tornando-os disponíveis para a pesquisa”. Em breve, devem surgir as primeiras monografias de conclusão do curso tratando de diários íntimos escritos por pessoas comuns de Belém, ponto inicial para futuras pesquisas nesse novo campo de estudo.

Ver matéria e entrevista na íntegra:








segunda-feira, 17 de maio de 2010

Divulgando o XXV ENECS

Não custa nada divulgar o XXV ENECS (Encontro Nacional do Estudantes de Ciências Sociais).

http://xxvenecs.blogspot.com/

A programação está boa. Na minha época, nunca conseguiríamos trazer esse povo da região sudeste. Que bom que as coisas mudaram pela UFPA. E pelo jeito, para melhor. Participarei.
Divulguem! Participem!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Quintas de História e Educação no Minuto da Universidade

"Quintas de História e Educação" é um projeto coordenado por Márcio Couto Henrique (meu esposo. Rsrs). O objetivo do projeto é contribuir com a formação dos discentes do curso de História. Transpor o conhecimento teórico à prática. A matéria sobre o projeto "Quintas de História e Educação", exibida no "Minuto da Universidade" já está disponível no site da UFPA. Não deixem de assistir e divulgar!! O link é esse:

http://www.portal.ufpa.br/interna_minutodauniversidade.php



Vejam e divulguem!